Publicado 13 jan 2022
Tecnologia vestível e o direito do trabalho
Tecnologia

Tecnologia wearable ou tecnologia móvel e vestível se traduz em dispositivos como smartwatches e rastreadores de atividade física para ajudar as pessoas a tomar decisões de estilo de vida mais informadas. No local de trabalho essa tecnologia tem ganhado enorme popularidade nos últimos anos, até porque a saúde e o bem-estar dos funcionários afetam diretamente a saúde de um negócio.

Os impactos da tecnologia vestível no contrato de trabalho são inevitáveis. Em um relatório elaborado pela Consumer Intelligence Series da PwC, percebeu-se que um empregador resolveu estimular um equilíbrio entre vida profissional e pessoal a seus empregados. Foi relatado como uma empresa de tecnologia oferecia aos funcionários um subsídio que cobria o custo de um smartwatch. Os funcionários da empresa podiam acompanhar sua atividade diária (batimentos do coração e nível de atividade física, por exemplo) com o smartwatch e convertê-los em pontos, que podem ser usados para resgatar mercadorias ou doar para instituições de caridade.

No caso acima, a empresa traduziu o investimento em smartwatch em custos reduzidos para assistência médica aos funcionários, tempo gasto para licenças médicas e até melhor produtividade. Os empregados, por outro lado, tinham mais motivação e um meio melhor para monitorar sua saúde e boa forma, ao mesmo tempo em que se recompensavam com mercadorias ou ajudavam uma instituição de caridade.

As empresas podem se beneficiar inegavelmente da tecnologia wearable, pois elas podem ser usadas para rastrear os movimentos da força de trabalho e o tempo de registro, por exemplo. Mas, por outro lado, deve-se mensurar até que ponto isso não representa um abuso do poder diretivo e de fiscalização pelo empregador, sobretudo diante das novas leis de proteção de dados.

A Volkswagen, por exemplo, montou uma aplicação vanguardista de tecnologia vestível para aumentar a produtividade da força de trabalho. Em 2015, após uma fase piloto de três meses, a empresa lançou os óculos inteligentes 3D como um equipamento padrão para trabalhadores de uma de suas fábricas. Por meio de seus óculos, os funcionários do chão de fábrica recebiam todas as informações necessárias em seu campo de visão, como números de peça e locais de armazenamento.

De fato, dependendo do wearable em questão e do trabalho envolvido, existem várias maneiras de uma organização adotar a tendência tecnológica vestível em seu benefício.

Já em 2015, o Gartner previu que algumas empresas exigiriam que seus funcionários usassem dispositivos de rastreamento de saúde e condicionamento físico. Em 2018, segundo o Gartner, cerca de dois milhões de funcionários estariam equipados com tecnologia vestível como requisito para o trabalho.

Naturalmente, a empresa de pesquisa e consultoria atenuou sua previsão, indicando que os profissionais com funções perigosas ou fisicamente exigentes constituiriam a maioria desses dois milhões de funcionários. Socorristas, paramédicos e bombeiros, entre outros se beneficiariam da novidade. E isso faz sentido, já que a tecnologia vestível pode ajudar a monitorar os batimentos cardíacos, a respiração e os níveis gerais de estresse para a própria segurança dos funcionários. O Gartner acrescentou que as funções críticas de trabalho, tais como pilotos de linhas aéreas, trabalhadores industriais e líderes políticos, por exemplo, também se beneficiariam da tecnologia vestível.

Para as organizações, as vantagens são óbvias: acompanhar as atividades dos funcionários e complemente o registro de tempo; monitorar os níveis de estresse e reduz os custos com assistência médica; complementar o equilíbrio entre vida e trabalho através de implementações de políticas; além disso, potencialmente aumentar a produtividade através do aumento das capacidades atuais dos funcionários, com a consequente melhora de eficiência.